sábado, 28 de janeiro de 2012

Adriano Nunes: ‎"Um verso" - Para José Miguel Wisnik

‎"Um verso" - Para José Miguel Wisnik



Acorda
Sem hora
Pro agora
Apanha
O lápis
E lança-se
Ao longe
Rabisca
Arrisca-se
E em si
Se finca
Se faz
Se funde
Ao mais

Agarra-se
À folha
Esforça-se
Por frutos
Esboça-se
Sem forma
Sem fins
E sangra
E segue
Às cegas
Em frente
Afronta o in-
Finito
Em branco

Num salto
Dissolve-se
No fel
Do intruso
Papel
Procria
O espelho o
Comum
Propósito
O quando
O como
O quê
Recria-se
É chama

E clama
E chora
Quem se
Importa?
Explora-se
Contorce-se
Constrói-se
À porta
Do sonho
Declama o
Instante
Distante
Distrai-se
Que susto

Medonho!
Seu mundo
Só dura um
Segundo
E pronto:
Desperta o
Espectro
Do olvido
Sob ritmos
E ritos
Estranhos
Pondera
Sopesa
Surpreso

Sem jeito es-
Tá feito
O verso
Está
Desfeito
No verso
Imerso
No olhar
Alheio
Disposto
A ser
Um outro
E ser
O mesmo.






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