sábado, 21 de setembro de 2019

Adriano Nunes: "Os monstros fascistas"

"Os monstros fascistas"

Eles acreditam que são os escolhidos
E que, por isto, podem também escolher
Os que merecem estar vivos pra segui-los,
Os merecedores das ilusões morais.

Eles creem cegamente nos seus sentidos,
Em sua força bruta, seus conceitos, regras
E princípios. E ditam essas coisas porque
Pensam ser possível criar tempos de iguais,

Ainda que pra tanto a violência impere.
Não importa que morra uma criança a tiros.
Não importa que negros sejam sempre presos.
Não importa que se façam presos políticos.

Não importa que gays sejam apedrejados
Ao vivo. Sequer que haja aumento do índice
De feminicídio. Eles pensam que em nome
Da família, da igreja, do que lhes consome,

Todo o resto não vale nada. Só os seus
Séquitos robotizados advogam mesmo
Ter direitos ao artificial paraíso
Forjado à custa de sangue, de carne e espírito.

Não importa que as matas sejam devastadas.
Não importa qu' índios sejam exterminados.
Para eles só há um lado: o deles, lógico!
Jamais se perguntam se têm demais vil ódio!

Ah, como os monstros fascistas querem ir longe
Com as suas políticas totalitárias!
Ah, como veneram a morte, o terrorismo!
Ah, como impor buscam a fúria dos facínoras!

Outra menina é assassinada no Rio
Por uma política assassina! A política
Que separa, distingue, trucida, aniquila
A vida vulnerável, sob norma abusiva!

Adriano Nunes

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Adriano Nunes: "Do profundo eu" - para a minha mãe

"Do profundo eu" - para a minha mãe


Quantas vezes falei para mim mesmo:
"Desta vez mudarei, mudarei mesmo!",
Como se bem soubesse qu'era a esmo,
Como se me dissesse: "mudo a esmo"!

Quantas vezes falhei por ser quem sou,
Por abdicar de ser outro, por pensar ou
Supor que melhor ser quem já me sou!
A que quimera o ser me arremessou?

Oh, vontade absoluta de ser já
Qualquer um além deste que me fiz!
Por que me encarcerei em mim cá, lá?

Oh, vestígio fictício do que há
Entre o ser e o não ser pleno, feliz!
Quantas vezes falei: "o amor virá!"!


Adriano Nunes

Adriano Nunes: "Risks, rhymes, dreams" - to my dear friend Péricles Cavalcanti

"Risks, rhymes, dreams" - to my dear friend Péricles Cavalcanti


I am living
In my beats
Where I keep
Free and happy.
Day to day,
Sounds I seam.

Where I never
Need to know
That loves cease
But just say
Of my soul
Risks, rhymes, dreams.

In a verse
I am living.
And in it
Time is quit,
Is diverse,
Has a gleam.


Adriano Nunes

Adriano Nunes: "Melhor um poema" - para Antonio Cicero

"Melhor um poema" - para Antonio Cicero


Melhor um poema
Do que prisões, penas,
Pedras e problemas.
Melhor um poema

Do que algum dilema,
Propósito. Apenas
Em ser sol se antena.
Melhor um poema!

Que a querela extrema
Política, em cena,
Que se concatena,
Melhor um poema!

Do que algoz algema,
Do que vãs sistemas,
Do que a práxis plena...
Melhor? Um poema!

Eis que nos acena
O poema: gema
Raríssima! Apenas
Em ser é, se esquema.


Adriano Nunes