"Nem o tanto"
Se ainda digo 'amo', muito me engano.
O amor foi-se: Fez-se foice e desencanto,
Mas não deixou marcas, mágoas nem o tanto
De memória: Mostrou-se bem mais humano
E findou. Dia a dia e ano após ano...
Infiltrou-se em meu íntimo um frio espanto:
As rosas, os sonhos... Já não os decanto
Porque se finca o olvido leve e mundano
Agora entre as frestas do silêncio, enquanto,
Dilacerado, dou-me livre ao meu canto.
O amor não seria o enigmático plano
No qual amados e amantes veem-se, tanto,
Tortos, sob o fluir do tempo tirano,
Ante o espelho, o inevitável desengano?
2 comentários:
Inquestionável qualidade em seu poema. Parabéns, poeta!
Caro Carlos,
muito obrigado!
Abraços,
Adriano Nunes
Postar um comentário