"Íntimo do infinito"
É perigoso o amor,
O seu violento jogo
De artimanhas e olvido -
Canta o meu coração
Essa assertiva, o risco
Da entrega, o novo sonho.
Mas, ontem, ao voltar
Pra casa, à tardezinha,
Andando, distraído,
Co' a imagem do horizonte
Azul, do mar, à tez
Do sentir e pensar,
Com a ilusão que, às vezes,
Secretamente, vinha
Encontrar-me, notei
Um grã vácuo tomar-me
Inteiro: Aquele instante
De perda inenarrável,
Aquela fuga incerta,
Aquele bom tropeço...
Ante as rígidas regras ,
Ante a pétrea razão.
Ai, como muito quero o
Súbito calafrio,
A espera angustiada, o
Ir à janela, à porta,
O riso escancarado,
O grito da surpresa,
O próximo rompante, o
Que se pode supor
De um abrupto romance!
É audacioso o amor...
O seu instável modo
De desafiar tudo, a
Máquina da existência, o
Íntimo do infinito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário