quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Adriano Nunes: "Elegia"

‎"Elegia"


Quase madrugada
E o verso não vem.
Vêm o sono e o tédio, o
Que não me interessa,
Vêm o olvido e o vácuo, o
Que não me desperta, o
Silêncio que castra.

É quase manhã
E o verso não chega
Para a grande festa
Da minha ilusão.
Parece sequer
Que nada acontece.
Como tudo é breve!

Projeta-se a tarde
Envolta de névoa.
Nenhuma sinapse
Sabe em que alheamento
Esconde-se o verso.
As horas depressa
Passam, passam, passam...

E a noite despenca
Do celeste báratro.
Ó, verso, que faço
Pra achá-lo? Que dar
À existência, ao instante,
Pra na folha tê-lo,
Ante o sol que nasce?

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