segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Adriano Nunes: "Quase quadrilha"

"Quase quadrilha"


Estão todos à espera
De um amor, da quimera
Rara. Será que tarda?
À espera de Eduarda,
Erasmo escreve versos.
Coitado! Pois imerso
Neles acredita amado
Ser. Mas é mesmo ao lado
De Fábio que estar quer
Eduarda. Qualquer
Uma para Fábio serve.
Seu gostar é tão breve!
Porém dizem que ama
Do fundo d'alma Ana
Que ama Antônio tanto
Quanto ama, pra espanto
De todos, Catarina
Que nisso não atina
E segue a amar Renato
Que ama Lea de fato
Que ama Leonardo
Que constata ser pardo
À noite todo amante e
Que almeja amar Dante
Antes que ele case
Com Lara. Nessa fase,
Sabe-se que o poema
Passa por um problema
De conclusão: ou finda
Sem um par certo, ainda
Que seja só mistério,
E o amor levado a sério
Não seja, ou segue bem,
Achando enfim alguém
Que ame Erasmo, dado
Que este está preocupado,
E, à espera de Eduarda,
Que quer que tudo arda,
Escreve agora cartas.
Basta! Como estão fartas
As tragédias diárias!
Que solidões hilárias!
Estão todos à espera
De um amor, da quimera
Mágica. É tudo ou nada!

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