"Alyulyn irá à guerra"
Nem o sol alto a esta hora.
O deserto parece que goza!
Nem mesmo as ameaças da morte.
Há ilusões bárbaras e mais fortes!
Nem estampadas as fotos
Nos jornais. Nem o povo em volta
A clamar, pedindo, com os olhos,
Que Alyulyn não vá além dos montes
Da Vieróvia, nem toda a História
Com seus relatos frios e torpes,
Parecem convencê-lo do
Grave erro que será, com toda
Certeza, ir para a guerra. Mostram-lhe
Sobre a maca, doentes e mortos.
Mas ele rebate: não me importo!
Mostram-lhe crianças feridas: o troco
Darei! Diz em alta voz.
Mostram-lhe o apelo dos idosos.
Gargalhando diz: é pouco
Para o meu propósito.
Todos do vilarejo pobre
Sabem que Alyulyn é jovem
Demais. Eles sabem que só
Mesmo algo além é que pode
Fazer com que ele desista logo
Dessa investida sem lógica.
Alyulyn apenas ajeita as botas.
Há muito aprendeu com gosto
O manuseio do fuzil. Está louco
Para acertar no inimigo, no
Meio do corpo, no peito, na boca.
Ele não tem mesmo ideia outra.
O sol arde e atesta o jogo
Poderoso que é feito pelo rancor.
O moço sabe que seu inimigo é o outro.
O outro que não tem sua crença, o outro
Que não fala a sua língua, o outro
Que não tem a sua cor, o outro
Que por ser o outro já é de todo
Seu inimigo. O outro que gosta
De ser o outro. O outro que também só
Vê os que lhe são tomados por
Outros. Os mesmos. Os iguais. Os
Que sempre estão dispostos
A ir para guerra por causa do outro.
Para Alyulyn não mais importa
Em que momento, em que hora
O outro será morto. É guerra e pronto.
Para Alyulyn não mais o jogo
Da retórica serve. Qualquer ponto
De vista é sempre evasivo, concorda.
Ajeita a aljava com as balas de aço e ódio.
Ajeita a boina, o cinto e os carregadores.
Alyulyn acha que não é tolo.
Nem mesmo o pranto dos avós.
Nem mesmo os gritos dolorosos
Da sua mãe. Sequer o amor
De Lativova. O único sonho
De pensar que a ele assoma
É o de que a guerra é o único modo
De acabar com o outro, com
Os gostos do outro, com o
Ser outro e só. Por ser óbvio
Que o outro atrapalha os negócios
Do povo de Alyulyn. Até pode
Ser que Alyulyn não tenha sorte
E jamais aos seus retorne.
Colocaram essas sinapses no miolo
Do jovem Alyulyn. Sei que posso
Revelar-vos um segredo mor:
Alyulyn está com medo de ser o outro.
Ah, o desejo mórbido de ser o outro,
De amar o outro, pouco a pouco, o outro!
Alyulyn tem receio de que seu povo
Perceba que ele é o próprio
Inimigo. Sente ser perigoso
Encarar a frio os liames do corpo
E da existência. E, de novo,
Dá gargalhadas - lágrimas? - sob
O pedido minguante do amor
Pelo outro. Alyulyn só
Para trás não mais olhou.
O deserto parece que goza!
Nem mesmo as ameaças da morte.
Há ilusões bárbaras e mais fortes!
Nem estampadas as fotos
Nos jornais. Nem o povo em volta
A clamar, pedindo, com os olhos,
Que Alyulyn não vá além dos montes
Da Vieróvia, nem toda a História
Com seus relatos frios e torpes,
Parecem convencê-lo do
Grave erro que será, com toda
Certeza, ir para a guerra. Mostram-lhe
Sobre a maca, doentes e mortos.
Mas ele rebate: não me importo!
Mostram-lhe crianças feridas: o troco
Darei! Diz em alta voz.
Mostram-lhe o apelo dos idosos.
Gargalhando diz: é pouco
Para o meu propósito.
Todos do vilarejo pobre
Sabem que Alyulyn é jovem
Demais. Eles sabem que só
Mesmo algo além é que pode
Fazer com que ele desista logo
Dessa investida sem lógica.
Alyulyn apenas ajeita as botas.
Há muito aprendeu com gosto
O manuseio do fuzil. Está louco
Para acertar no inimigo, no
Meio do corpo, no peito, na boca.
Ele não tem mesmo ideia outra.
O sol arde e atesta o jogo
Poderoso que é feito pelo rancor.
O moço sabe que seu inimigo é o outro.
O outro que não tem sua crença, o outro
Que não fala a sua língua, o outro
Que não tem a sua cor, o outro
Que por ser o outro já é de todo
Seu inimigo. O outro que gosta
De ser o outro. O outro que também só
Vê os que lhe são tomados por
Outros. Os mesmos. Os iguais. Os
Que sempre estão dispostos
A ir para guerra por causa do outro.
Para Alyulyn não mais importa
Em que momento, em que hora
O outro será morto. É guerra e pronto.
Para Alyulyn não mais o jogo
Da retórica serve. Qualquer ponto
De vista é sempre evasivo, concorda.
Ajeita a aljava com as balas de aço e ódio.
Ajeita a boina, o cinto e os carregadores.
Alyulyn acha que não é tolo.
Nem mesmo o pranto dos avós.
Nem mesmo os gritos dolorosos
Da sua mãe. Sequer o amor
De Lativova. O único sonho
De pensar que a ele assoma
É o de que a guerra é o único modo
De acabar com o outro, com
Os gostos do outro, com o
Ser outro e só. Por ser óbvio
Que o outro atrapalha os negócios
Do povo de Alyulyn. Até pode
Ser que Alyulyn não tenha sorte
E jamais aos seus retorne.
Colocaram essas sinapses no miolo
Do jovem Alyulyn. Sei que posso
Revelar-vos um segredo mor:
Alyulyn está com medo de ser o outro.
Ah, o desejo mórbido de ser o outro,
De amar o outro, pouco a pouco, o outro!
Alyulyn tem receio de que seu povo
Perceba que ele é o próprio
Inimigo. Sente ser perigoso
Encarar a frio os liames do corpo
E da existência. E, de novo,
Dá gargalhadas - lágrimas? - sob
O pedido minguante do amor
Pelo outro. Alyulyn só
Para trás não mais olhou.
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