sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Adriano Nunes: "De certo modo"

"De certo modo" 


Como me alegro,

Como me assusto, 
Quando te penso,
Quando te peso, 
Espectro, espírito,
Espelho, estímulos,
Braços e pernas,

Boca na boca,

Olho no olho,
A carne e o íntimo.
É que, depois,
Sempre depois, 

Mais me alicerço
Noutros mistérios,
Vingo e devolvo-me
À grã rotina 


Da antiga regra:
Saltar de mim,
Ao gozo agarrar-me,
Para saber-me.

Das somas quânticas,
Solto-me e, em sonhos, 
Finco-me. Mas
Quando se atira


Do infindo báratro
A noite, todos 
Os faróis do 
Que somos nós
Dão-me à vigília...

Leio alguns versos,
Desloco a vista 
Pra o que me instiga 

E intriga e entrego-me  - 
Servo do sono -
À tal memória,
À tua imagem,
Mais que milagre, 

Mira ou miragem,
Tantas  sinapses 

O amor invadem.

De certo modo,
Que ao libertar 

O meu olhar
Dos grilhões súbitos 

Das minhas pálpebras,
Percebo mesmo
Com que propósito
- Além? - Aquém? -


Meu coração 

Quer que eu fique 
Desperto, à espera,
À tua espera...
E, pela vítrea 

Janela, vejo 
Que vens, - és quem? -
Sem qualquer pressa.







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