sábado, 12 de dezembro de 2015

Adriano Nunes: "Que em mim também perdura" - Para Raimunda P. Martins

"Que em mim também perdura" - Para Raimunda P. Martins


Toda vez, folheando
As obras de Agostinho,
Paira sobre o meu ser
A lembrança cativa
Daquele instante da
Vida em que qualquer canto,
Qualquer norte, caminho,
Eram bons se por perto
A minha amada avó
Estivesse. A doçura
Que em mim também perdura.
A alegria no olhar.
A esperança de haver
O amanhã ante a face
Vista numa bacia
Com água, nas festivas
Noites de São João.
Ah, tolo coração
De poeta, por que
Bem buscas o que ainda
Vinga sagrado em mim,
O que não tem um fim?
Oh, vastíssimo mar
De inquietação! Já
Não basta saber que
Ela não mais está
Aqui, com seu rosário
À mão, com seu sorriso
Grácil, frágil, tão tímido?

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