quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Adriano Nunes: "Por quê?"

"Por quê?"


Aqui, sangra o que se pensou
Erguer, o elo mais íntimo,
A vista para a rua,
A desatenção esculpida
No coração, um sorriso.
Ah, as previsões sem norte,
As desculpas sem carne,
Os remotos liames dos porquês!

Depois, tudo se emoldura
Na vida do que não é,
Na esperança já gasta e oca,
Porque sempre é mais e além,
Para o que tem sentido,
Para o que amanhece.
Depois, pode haver depois e
O interstício movediço do sonho.

Aqui, singra a palavra mundo,
Balsa informe a boiar nas águas
Revoltas das sinapses mais sérias,
Um instante... E tudo se precipita
Inconsolável, nas entrelinhas
Dos desejos. Um instante... E vi-me
Atravessando o deserto de ser-me.
As escolhas não são mesmo minhas?

Nenhum comentário: