quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Adriano Nunes: "Metáforas enquanto nada"

"Metáforas enquanto nada"


Essa alva rosa, essas
Estranhíssimas promessas
De rosa, de dar-se à rosa,
De ser qual rosa, de formosa
Ser, com ilusão, às pressas.
Essa ilusão de jardim
No corpo, espinhos em mim,
Talas, folhas, cores, pétalas,
Cheiro de orvalho, quais essas
Metáforas enquanto nada.
Ah, por que me arrancaste,

Raiz, espinhos e caule,
Por que me atiraste à página
Anêmica dos desejos?
Agora quero ser cravo,
Crisântemo, solo e água,
Sereno, chuva, sol alto,
E tudo que em flor concebo,
Pra ter alívio ou placebo.
Ah, por que me deste - vejo-os!-
A todos os buquês e jarros
Do desassossego, ao amor?

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