terça-feira, 7 de julho de 2015

Adriano Nunes: "Milimetricamente"

"Milimetricamente"



Enquanto brigam egos,
Pra saber quem é mais
Milimetricamente
Poeta, teço esta

Segunda quadra, mas
Devo até ser prudente,
Sem me fingir de cego,
Pra admitir: nenhum presta

Bem à arte. Não nego
Que me dói ouvir gente
Proclamar que jamais
Teceria um soneto,

Que é coisa do passado
Mesmo. Também me afeta
Aquele que diz ser
O verso o que houver de

Ser, bastando, pra isso,
Misturar as palavras,
Num arranjo sem mínimo
Sentido. A esses lembro

O que Coleridge disse:
Poesia requer
As melhores palavras
Na melhor ordem, claro,

Não qualquer embaraço
De signos, por acaso.
Tudo bem, versos vêm
De dentro, mas também

O pensamento que os
Molda, que lhes dá brilho,
Beleza, desde Horácio
Até o bardo Carlos.

O poema, enfim, findo,
Rindo dessas tolices.
Porém, percebam bem:
Rima e ritmo são riscos!


Um comentário:

Anônimo disse...

Bom acompanhar sua poesia no Face e agora leio por aqui também! Legal!