quarta-feira, 29 de julho de 2015

Adriano Nunes: "Ficção do silêncio"

"Ficção do silêncio"


Ele e ela e o que
Houve entre eles.
E o que há e houver. 
As dores sem hora,
As farpas sem farsas,
A engasgada fala
Que nunca diz nada.
O beijo abraçado,
O Abraço beijado.
A centelha acesa
Do ciúme, o que
Vinga. Ninguém sabe.
A ferida arde.
A carne do alarde
Arde. Tudo arde.
Talvez as sinapses
Sem controle, sob
Controle de Eros.
Um engano sério,
E tudo foi pelos
Ares. A chantagem
Barata. A desculpa
Já mesmo sem graça.
A cor do cabelo?
Um outro defeito?
Vinte para as dez.
Cada um bem se ajeita
No canto da cama.
O silêncio emana
Do que irá depois
Ser estranho norte..
O sono é que chega
E apaga a centelha
Da raiva. São dois
Amantes? Os de
Antes? Toda luz
Cessa. O amor traduz
O tempo tão gasto,
A tímida chama.
Tática específica
Para a perda. Acaso?
Porém, por debaixo
Dos lençóis, dos nós
Das máscaras, alto
O sol da paixão
Aquece. E, lá fora,
A noite devora
O momento breve
Que ilumina a vida.


Nenhum comentário: