"A voz do espelho" (Tradução de Adriano Nunes)
Assim passa a vida como rara miragem.
A rosa azul que acende e dá o ser ao cardo!
Junto ao dogma do fardo
matador, o sofisma do Bem e a Razão!
Se se tem colhido, ao acaso, o que roçou a mão;
os perfumes voaram, e entre eles tem-se sentido
o mofo que a metade da rota tem crescido
na maçã seca da morta ilusão.
Assim passa a vida,
com cânticos vulpinos de esgotada bacante.
Eu vou todo abalado, adiante..., adiante,
rosnando minha marcha funeral.
Vão ao pé de bramânicos elefantes reais,
e ao sórdido zumbido de um fervor mercurial
pares que alçam brindes esculpidos em rocha
e olvidados crepúsculos uma cruz na boca.
Assim passa a vida, vasta orquestra de Esfinges
que arrojam ao vazio sua marcha funeral.
César Vallejo: "La voz del espejo"
Así pasa la vida, como raro espejismo.
La rosa azul que alumbra y da el ser al cardo!
Junto al dogma del fardo
matador, el sofisma del Bien y la Razón!
Se ha cogido, al acaso, lo que rozó la mano;
los perfumes volaron, y entre ellos se ha sentido
el moho que a mitad de la ruta ha crecido
en el manzano seco de la muerta Ilusión.
Así pasa la vida,
con cánticos aleves de agostada bacante.
Yo voy todo azorado, adelante..., adelante,
rezongando mi marcha funeral.
Van al pie de brahmánicos elefantes reales,
y al sórdido abejeo de un hervor mercurial
parejas que alzan brindis esculpidos en roca
y olvidados crepúsculos una cruz en la boca.
Así pasa la vida, vasta orquesta de Esfinges
que arrojan al vacío su marcha funeral.
VALLEJO, César. Obra Poética Completa. Lima: Francisco Moncloa Editores, 1968, p. 107.
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