sábado, 22 de fevereiro de 2014

Antonio Machado: "De la vida" (Coplas mundanas)

"Da vida" (Tradução de Adriano Nunes)
(Coplas mundanas) 



Da vida

Poeta ontem, hoje triste e pobre 
filósofo tresnoitado,
tenho em moedas de cobre 
o ouro de ontem trocado. 

Sem prazer e sem fortuna, 
passou como uma quimera 
a juventude, a primeira... 
mais que uma não há, una: 
a de dentro é a de fora. 

Passou como torvelinho, 
boemia e aborrascada, 
farta de copla e vinho, 
minha juventude amada. 

Hoje observo as galerias 
da memória, pra fazer 
aleluias de elegias 
de ontem desconsoladas. 

Adeus, lágrimas cantoras,
lágrimas que alegremente
brotáveis, como na fonte 
as limpas águas sonoras! 

Boas lágrimas vertidas 
por um amor juvenil, 
qual frescas chuvas caídas
sobre as campinas de abril! 

Já não canta o rouxinol
de certa noite serena; 
saramos do mal do amor
que sabe chorar sem pena. 

Poeta ontem, hoje triste e pobre 
filósofo tresnoitado, 
Tenho em moedas de cobre 
O ouro de ontem trocado.




Antonio Machado: "De la vida" (Coplas mundanas)




De la vida

Poeta ayer, hoy triste y pobre 
filósofo trasnochado, 
tengo en monedas de cobre 
el oro de ayer cambiado. 

Sin placer y sin fortuna, 
pasó como una quimera 
mi juventud, la primera... 
la sola, no hay más que una: 
la de dentro es la de fuera. 

Pasó como un torbellino, 
bohemia y aborrascada, 
harta de coplas y vino, 
mi juventud bien amada. 

Y hoy miro a las galerías 
del recuerdo, para hacer 
aleluyas de elegías 
desconsoladas de ayer. 

¡Adiós, lágrimas cantoras, 
lágrimas que alegremente 
brotabais, como en la fuente 
las limpias aguas sonoras! 

¡Buenas lágrimas vertidas 
por un amor juvenil, 
cual frescas lluvias caídas 
sobre los campos de abril! 

No canta ya el ruiseñor 
de cierta noche serena; 
sanamos del mal de amor 
que sabe llorar sin pena. 

Poeta ayer, hoy triste y pobre 
filósofo trasnochado, 
tengo en monedas de cobre 
el oro de ayer cambiado.

MACHADO, Antonio. Poesías completas. Madrid: Publicaciones de la Residencia de Estudiantes, 1917, p. 108-110.

Nenhum comentário: