quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Jorge Luis Borges: "Mis libros"

"Mis libros" - Jorge Luis Borges 


Mis libros (que no saben que yo existo)
son tan parte de mí como este rostro
de sienes grises y de grises ojos
que vanamente busco en los cristales
y que recorro con la mano cóncava.
No sin alguna lógica amargura
pienso que las palabras esenciales
que me expresan están en esas hojas

que no saben quién soy, no en las que he escrito.
Mejor así. Las voces de los muertos
me dirán para siempre.




"Meus livros" - Tradução de Adriano Nunes 




Meus livros (que não sabem que eu existo)
são tão parte de mim como este rosto
de têmporas grises e grises olhos
que inutilmente busco nos cristais
e que percorro com minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
penso que as tais palavras essenciais
que me expressam acham-se nessas folhas
que não sabem quem sou, não nas que fiz.
Melhor desse modo. As vozes dos mortos
dir-me-ão para sempre.







In: "Obra Poética". Buenos Aires: Enecé Editores, 2007, página 428.

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