"De densa saudade"
Com angústia, aguardo
O instante preclaro
Para declarar
A ti, solidão,
A veraz vontade
De em um lar estar.
Talvez porque já
Ingressei no átimo
Do amor lancinante,
Ou, quem mesmo sabe,
Em uma sinapse
De luz, pra enfeitar-me
Do que foge ao alcance.
É tudo um quiasma
De medos e mágoas.
Penélope faz
E desfaz a manta
Nupcial, errática.
Que dela bem saibam
As minhas pancadas
Popconcretas, mas
Escondam-lhe as lágrimas
Que agora desabam.
Entrego-me ao vácuo
Da vingança e lanço-me
À Ítaca. Abraço
O silêncio prático
De saber-me mais
Em mim. Risco e tática.
Não vês, solidão,
Que apertas bastante
O meu coração?
Tento, -Será tarde? -,
À língua entregar
O incomunicável.
E dá-se o espetáculo
De sentença e sangue.
Um mar se amalgama
Nos corpos tombados.
O tédio virá! -
Assalta-me o lapso
De densa saudade:
As Sereias, as
Praias escaldantes,
Os muros em chamas
De Troia, as vãs mágicas,
Os braços e lábios
De Circe. A ilusão.
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