“Uma alegria estética” - para Sergio Serra
Escrevo poemas todos os dias.
Rascunhos reviram-me vorazes.
Papéis amassados por muitos lados.
As entranhas da folha em branco estranham
O labirinto-laboratório de liames que traço
Enquanto o sonhar faz-se interessante.
A qualquer instante.
Fazer do verso uma célula totipotente.
Um embrião metafórico neon.
Desde muito cedo, sempre foi assim.
As Musas me perturbam, e eu gosto
Do que me vem como inspiração.
Pouco me importa o que sobra de mim.
O mistério de haver essa esfera
É que do báratro mesquinho me liberta.
Eis a ars poetica.
Não sei bem a que a poesia levar-me-á,
Ainda que demais goste do seu fluxo
De indecifráveis enigmas.
Às vezes, penso quem me sinto e divago
Sobre tudo o que não sou.
Outras vezes, amalgamo-me a verdades
Que não suportam ser verdades.
Fui sendo um espectro de imagens
E uma saudade absoluta
De horas que sequer vivi,
Mas que parecem ter vivido em mim.
Chegamos à velha Grécia.
Todas as cores do mar, se quiseres,
Podes pedir-me. Pede! Tão breve
Não é a vida? Não é o que cantam?
Guardei alguns assombros de Medusa
Em meu próprio olhar.
Talvez, ainda dê tempo de evitar
Que as chamas consumam Troia.
Talvez, queimemos satisfeitos lá.
Tudo é tormento e horror!
Do amor, amo a liberdade de amá-lo.
Tento, assim, expressar com palavras
O que me faz ter um sentido,
O que me faz ver como as coisas são
Como, enfim, são. Às vezes, surge algo belo.
Outras vezes, é só angústia e dor.
Talvez, eu tenha fracassado
Ao tentar imprimir em cada signo
Quem me penso e sinto. Talvez, eu
Tenha me dilacerado mais vezes
Do que me dilaceraram os outros.
Todavia a poesia me vem
Sempre como um portento estético,
Onde um fulgor parece me garantir
Um fragmento de alegria. Sim, parece
Que isso me salva de mim.
A poesia é uma alegria,
No sentido que Spinoza dá ao amor:
Isto é, alegria.
Que mais do infinito querer poder-se-ia?
Rascunhos reviram-me vorazes.
Papéis amassados por muitos lados.
As entranhas da folha em branco estranham
O labirinto-laboratório de liames que traço
Enquanto o sonhar faz-se interessante.
A qualquer instante.
Fazer do verso uma célula totipotente.
Um embrião metafórico neon.
Desde muito cedo, sempre foi assim.
As Musas me perturbam, e eu gosto
Do que me vem como inspiração.
Pouco me importa o que sobra de mim.
O mistério de haver essa esfera
É que do báratro mesquinho me liberta.
Eis a ars poetica.
Não sei bem a que a poesia levar-me-á,
Ainda que demais goste do seu fluxo
De indecifráveis enigmas.
Às vezes, penso quem me sinto e divago
Sobre tudo o que não sou.
Outras vezes, amalgamo-me a verdades
Que não suportam ser verdades.
Fui sendo um espectro de imagens
E uma saudade absoluta
De horas que sequer vivi,
Mas que parecem ter vivido em mim.
Chegamos à velha Grécia.
Todas as cores do mar, se quiseres,
Podes pedir-me. Pede! Tão breve
Não é a vida? Não é o que cantam?
Guardei alguns assombros de Medusa
Em meu próprio olhar.
Talvez, ainda dê tempo de evitar
Que as chamas consumam Troia.
Talvez, queimemos satisfeitos lá.
Tudo é tormento e horror!
Do amor, amo a liberdade de amá-lo.
Tento, assim, expressar com palavras
O que me faz ter um sentido,
O que me faz ver como as coisas são
Como, enfim, são. Às vezes, surge algo belo.
Outras vezes, é só angústia e dor.
Talvez, eu tenha fracassado
Ao tentar imprimir em cada signo
Quem me penso e sinto. Talvez, eu
Tenha me dilacerado mais vezes
Do que me dilaceraram os outros.
Todavia a poesia me vem
Sempre como um portento estético,
Onde um fulgor parece me garantir
Um fragmento de alegria. Sim, parece
Que isso me salva de mim.
A poesia é uma alegria,
No sentido que Spinoza dá ao amor:
Isto é, alegria.
Que mais do infinito querer poder-se-ia?
Adriano Nunes
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