quinta-feira, 26 de abril de 2018

Adriano Nunes: “Ó, Vernáculo!”

“Ó, Vernáculo!”


Nesta noite,
Outra noite
Vem da verve
E já serve
De matéria
Para o verso.

Que em mim meço?

Talvez seja
Desta vez
Que a voz verta-se
Em vontade
De ser mais
Do que voz.

Nada é certo!

Nesta noite
Outra noite
Vem à tona.
Álea e absurdo.
Tudo é tudo.
Que me assombra?

Ó, mistério!

Mas, aqui,
Do meu quarto,
O silêncio
Vinga adentro e,
Qual semente,
Faz sentir.

Ser é sério!

Com grã sede
De infinitos,
Esta Língua,
Sol do Lácio,
Dá-se a ti,
Ó, Vernáculo!

Que mais quero?

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