quinta-feira, 19 de abril de 2018

Adriano Nunes: "Cheio de dias só seus, como no início"

"Cheio de dias só seus, como no início"


Exterminaram quase todos os índios.
Para ter da decência o mínimo mínimo,
Inventaram um dia pra eles, digo,
Todos os outros, de domingo a domingo,

Roubaram-lhes. Nada mesmo resta, visto
Que até reservas lhes querem tomar, isto
Quer dizer: como o Estado tem sido omisso!
Da madeira aos minérios, tudo é litígio.

Talvez, este soneto, sem ritmo fixo,
Feito com onze sílabas, com afinco,
Possa dar-lhes pequeno sol e estímulo

Pra lutar por um cosmo próprio, nativo,
Cheio de dias só seus, como no início,
Sem nunca precisar de direito escrito.


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