terça-feira, 10 de abril de 2018

Adriano Nunes: "O quanto devemos sonhar" - para Maurício Barros

"O quanto devemos sonhar" - para Maurício Barros


Será que mesmo vão nos deixar
Sonhar, ter, enfim, de cada sonho
A alegria de estar no lugar
Que se quer, que mais se quer estar?

Ou será que até vão controlar,
Pôr uma máquina que registre,
Compute, conte, fixe, reprima
e restrinja e regule e proíba

O quanto deveremos sonhar,
Quanto do sonho pode ser tido?
Será que nos vão deixar sorrir,
Sentir, pensar, ou ser desde já?

Será que nos vão deixar ser livres
Pra o que der e vier, sem limites?
Será que nos vão deixar ir longe,
Ter direito a passagens e pontes,

Janelas abertas, portas, frestas,
Saídas de emergência, ter delas
O instante de amplidão e portento?
Dará para assim sermos intensos?

Será que nos vão deixar seguir
Mesmo que no acaso tropecemos?
Ah! Tudo está muito estranho aqui!
Ah, Tudo está demais esquisito!

Teremos as asas do infinito?
Seremos em pleno voo abatidos?
Teremos direito a algum Brasil?
Voltaremos intactos a Ítaca?

Quanto disso tem de vida ainda?



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