"Tudo enquanto tudo"
Os tudologistas
Descobriram que
Sabem sim de tudo,
Na lógica própria
Que só eles têm,
Dentro de seus muros.
Mas há um estorvo
Grave, gigantesco:
Como descrever
Tudo enquanto tudo?
O que é tudo mesmo?
Na tudologia
A regra do jogo
É outra, e, tampouco,
Importa se tudo
Precisa ser tudo
Pra que eles saibam
Que de tudo sabem.
O que eles sabem
Já é tudo. Pronto:
Certezas também
Como ninguém têm.
Ah, quantas certezas
Eles tanto têm!
Será que as constatam
Enquanto eu sonho
Como dar à fala
A medida exata,
Ou arrumar a sala,
Reler Epicuro?
Os tudologistas
Devem de férias
Estar, neste instante.
Ó quantas questões
Demais importantes
Pra ser resolvidas,
E um sinal de vida
Deles sequer há!
A dor, a miséria,
A fome, o rancor,
As guerras, a inveja,
O amor, a morte, a ira,
A solidão nítida,
As doenças tantas,
A falta de água,
A falta de alma,
A falta de falta,
O ser, o futuro,
Os medos, as mágoas,
Muitas coisas sérias,
Que nem pra pensar
Dá, porque não há
Como pensar em
Tudo, tudo, tudo..
Tudo a tudo basta?
Os tudologistas
Não servem pra nada?
Nenhum comentário:
Postar um comentário