sábado, 5 de setembro de 2015

Adriano Nunes: "Enquanto tudo"

"Enquanto tudo"

Tudo dói. Pronto.
Repito: tudo
Dói neste ponto
Para ser tudo.
E os astros todos
No vácuo escuro
Sabem da dor
De todo mundo.
A orelha e o globo
Ocular, o
Sentido claro.
O barro múltiplo
De todo absurdo
E o sêmen novo
Que engendra o sol
De algum futuro.
Desdigo: dói
Do umbigo ao útero
Dos despropósitos
Em gesto puro.
Dói desde o óbvio.
Tudo por tudo
Ser. Até só
Ser tudo enquanto
Tudo for tudo.
Por isso dói
Cada vez mais
Adentro, fundo.

Nenhum comentário: