sábado, 22 de agosto de 2015

Adriano Nunes: "Desnegócio"

"Desnegócio"


Tão seu sou
Que sou só.
Pouco noto
O caos móvel
Em redor.
Tão seu sou
Que sou solto
Do ser só
Que sou: códigos
Que em mim foco.
Ó teus corpos
De sons, formas
Rigorosos!
Ó teus cosmos
De propósitos!
Não te cobro
Nada. Agora,
Se me tocas
Fundo, absorvo-te,
Vingo novo.
És o ouro, o
Gozo ótimo
De oximoros
E memória,
Mais que força!
Vê: que posso
Contra o sol
Que és, contra
Os teus olhos,
Tua fome?
Tão seu sou
Que só sou
O escritor
De um deôntico
Desnegócio:
Alguns poucos
Versos ouso
Tecer, por
Labor, por
Conter outros.

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