"Uma fresta"
Sim, não se engane.
O corpo é granada
Sem pino que acaba
De cair da aljava,
Pronta pra explodir,
A qualquer momento.
Então tudo ame.
O corpo é a bomba
Feita em casa, prestes
A estourar, não se
Iluda. Que custa?
Cada dor e cada
Doença e desânimo,
Cada desatino
Cada desafio,
Um evento que
Pode acender, de
Repente, seu
curto
Pavio. Assim,
tudo
Ame, pode ser
Que sejam pra sempre
O amor, seus liames.
Seria uma sorte!
Saiba, não se assuste.
O corpo é a ponta
Do iceberg. Não se
Sabe que mistérios
Cobrem todo o resto.
Cada fase que
Segue e que confirma
Ser sua existência
Breve apenas ao
Espelho reconta
O que mesmo conta,
O mudar-se a cada
Hora. Não se
traia.
O corpo é a corda
Que, aos poucos, seus fios
E nós solta e logo
Rompe-se. É a pólvora
Perto da faísca
Traquinas, o traque
Das festas juninas,
Nitroglicerina.
Destarte, que importa
Se o meu corpo arde
E abre-se à porta
Quântica do olho,
Do ouvido e demais
Órgãos dos sentidos,
Das deliciosas
Quimeras e das
Possibilidades?
O corpo é a fresta
Por onde o desejo
Tanto nos observa.
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