quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Adriano Nunes: "Pleno portento"

"Pleno portento"


Estranhamente
Este fragmento
Que penso ser
É mesmo este
Fragmento que
Estranhamente
Faz-me escrever

Este poema
Que me concebe
Ao concebê-lo:
O meu ser cedo
A cada verso
Ante o arremedo
De ser eu mesmo,

Memória, metro,
Mudança e medo.
Espertamente,
Servo de Euterpe,
De Erato servo,
Contente e cego,
Tal qual o velho

Tirteu, poeta
Grego que fez
Esparta a guerra, em
Messênia, ter
Vencido, sem
Nem lutar nela,
Mas não inerte,

Ia dizendo
Para os guerreiros
Os seus poemas.
Estranhamente
Este fragmento
Que penso ser
É mesmo este

Fragmento que
Estranhamente
Faz-me esquecer
Que dor haver
Pode, que tenho
Algum tormento,
Qualquer problema.



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