"Narciso"
E fizeste de tudo para estar
Ao meu lado.
Sol à palma.
Ao meu lado.
Sol à palma.
Quando estava
Certa que engendraríamos um par,
Pensei: não
Dá! Não dá!
Preciso a todo custo me encontrar,
Tirar máscaras,
Regras, restos de mim, tantas lembranças
Que até me amedrontavam, as amarras
Da existência, as mordaças da inconstância.
E falaste
Que a poesia era a grã culpada,
Por doar-me
Essas asas.
Como não perdoar-te pela falta
De ilusão?
Foi com a poesia que te dava
Que pude, sem receio, explicitar
Que te amo.
As alegres libélulas levaram
O meu canto
A ti, claro,
Instante a instante, o amor, esta palavra.
Não ouves repetindo tal palavra,
Tanto, tanto,
Meu coração pulsando?
Afoga-te, Narciso! Sou a imagem
Que nas águas afagas!
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