domingo, 2 de março de 2014

Robert Lowell: "Epilogue"

"Epílogo" (Tradução de Adriano Nunes) 



Epílogo



Essas benditas estruturas, trama e rima-
por que não me socorrem agora
Que quero criar
algo imaginado, não invocado?
Ouço o ruído da minha própria voz:
A visão do pintor não é uma lente,
ela treme ao acariciar a luz.
Mas às vezes tudo que escrevo
com a gasta arte do meu olhar
Parece uma polaroide,
abrupta, rápida, ululante, agrupada,
ampliada da vida,
contudo paralisada pelo fato.
Tudo é um liame inadequado.
Porém, por que não dizer o que houve?
Oremos para a graça da precisão
Que imprimiu Vermeer ao fulgor solar
Furtando-o como a maré sobre um mapa
para a sua garota pétrea de saudade.
Somos pobres passageiros fatos,
prevenidos pelo que dá
a cada figura na fotografia
seu nome vivo.




Robert Lowell: "Epilogue"



Epilogue

Those blessèd structures, plot and rhyme—
why are they no help to me now
I want to make
something imagined, not recalled?
I hear the noise of my own voice:
The painter’s vision is not a lens,
it trembles to caress the light.
But sometimes everything I write
with the threadbare art of my eye
seems a snapshot,
lurid, rapid, garish, grouped,
heightened from life,
yet paralyzed by fact.
All’s misalliance.
Yet why not say what happened?
Pray for the grace of accuracy
Vermeer gave to the sun’s illumination
stealing like the tide across a map
to his girl solid with yearning.
We are poor passing facts,
warned by that to give
each figure in the photograph
his living name.



LOWELL, Robert. Collected Poems. Introduction by Frank Bidart. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2007.

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