"Público" - Para Adriana Calcanhotto
Tête-à-tête avec le téléviseur,
Os olhos das ondas da antena
Ante a cantilena do infinito
Que o agora armazena,
O passado multifacetado,
O porvir que só serve se vier,
O desafio posto a fio,
Um tempo qualquer para o íntimo.
O aberto campo óptico,
O óvulo do óbvio a fluir
Pelas trompas de Falópio
De todo propósito, o mênstruo
Do pensamento, um portento,
O vácuo além das regras da retina,
O aplauso, o apêndice, o cálculo
Inexato para o amor dado.
O jornal em Portugal,
O privado em sentido contrário,
O frio sem freio das notícias,
O risco que corre uma rima,
O rumo ruminante do querer,
O rascunho, o piscar do
Olho mágico fixo
Na parede do quarto
De hotel, um liame lábil,
A lábia ao léu,
Este poema que é seu,
Que salta do contentamento
Que em mim aconteceu,
Para sentir o outro lado,
O mútuo, o mote único,
O público.
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