"Ars Poetica" - Para Antonio Cicero
Enquanto quebras a cabeça
Em busca dos ditames áureos da razão,
Aventura-se a vida a ser a mesma.
Mas eis que, subitamente, a ti vem
A quântica certeza
De que, ali, sobre a mesa, descansando,
Estáticos estão
Lápis e muitas folhas - o infinito em branco
A esperar por movimentos, lentos e rápidos,
Da tua afoita mão.
E, com prazer, escreves
Versos leves, sem medo
Das possibilidades da imaginação.
Misturas os metros mais rígidos
À liberdade do teu coração.
Guardas-te para o alegre momento
Da contemplação. Vês
Que vêm a palavra amada,
A ordem certa,
O sentido preciso,
Sobre os montes do olhar mais longe,
Sobre as casas da Trácia,
Além-mar-do-amar-além,
Além do que sequer há,
Para o teu ser trazendo,
Ilesos,
Domados,
O Tempo
E Pégaso.
Agora
Já podes
Voar,
Lançar-te
À sorte
Dos elos,
Beber
Do álcool
Mais forte
Da Arte.
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