segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Adriano Nunes: "Tudo que pudesse mesmo ser dito"

"Tudo que pudesse mesmo ser dito"


Disse-me que outro tempo queria,
Dei-lhe a tarde ensolarada, a alegria
Do voar das aves, chaves pra o escrito
Silêncio que teria em verso o infinito,
Dei-lhe a astúcia da hora fugidia,
O humano que de Shakespeare irradia,
Os rabiscos de mim, memória e mito,
Tudo que pudesse mesmo ser dito.
Então, fincando-me em suas retinas,
Detive-me no amor que tanto sinto.
E um sorriso lhe entreguei, por instinto.
Ítaca e Macondo aos pés seus, esquinas,
Mares e montes, as métricas finas
Do que sou eu, liame e labirinto.

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