quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Adriano Nunes: "Que a grã solidão sempre tem a ofertar"

"Que a grã solidão sempre tem a ofertar"


Constato agora: os teus braços ensinaram-me
O que era preciso aprender da carne.
As tardes testemunharam a lição
Que a grã solidão sempre tem a ofertar.
Rabiscos ao ritmo do lance - está claro
Que te devo vários versos arrancados
De mim e que ao fogo e ao lixo chegaram,
Com medo de que o amor arruinasse a arte
De amar com palavras. Eis o meu olhar
A alargar o que sou por ti, ilusão!
E já é tanto o amor que pesa ser vate,
Ter que arquitetar com as técnicas tantas
A vida, o sorriso, o infinito, o que há
Além de nós dois, sozinho, aqui, no quarto.

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