quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Adriano Nunes: "Os braços de algum bálsamo"

"Os braços de algum bálsamo"


Ainda que a ilusão
Consuma-me plenamente
E deixe-me cicatrizes de dor e
Desassossego, tudo
Que me penso e sinto leva-me
Para os braços de algum bálsamo
Que definir não consigo.
Por sortimentos do ser procuro!
Mais vale a fundo o infinito
Dos olhares que carrego comigo.
Não mais que riscos íntimos!

Ainda que a miséria impere,
A vida não deixa de ser leve.
Alguma canção e algum livro
Far-me-ão persistir e
Crer nas possibilidades
De um amanhã gratuito,
De um passo contente e urgente.
Vê: agora posso dar-te
Mais do que a minha tensa carne,
As dálias quânticas do jardim
Do amor por tempos únicos.

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