“Um poeta menor” (Tradução de Adriano Nunes)
Sou uma concha. De mim não deves ouvir
Pomposos pulsos de tambores insistentes,
O ouro mor da voz da viola que ascende,
Pesado com esplendor, langoroso e nítido.
Todavia, se me comprimes contra o ouvido,
Um tênue, longe sussurro aumenta em clamor,
A estrepitosa batida e paixão do mar,
O vir das marés que afogam o elementar.
Uns com mãos sutis as cordas podem tirar,
Gerando até mesmo Amor na música audível,
E enterram uma glória. Sou só uma concha
Que se move, não de si, e ao mover-se canta;
Pondo uma fragrância, leve qual vinho vertido,
Um trêmulo murmúrio de grãs dias idos.
Stephen
Vincent Benét: “A Minor Poet”
A Minor
Poet
I am a
shell. From me you shall not hear
The
splendid tramplings of insistent drums,
The orbed
gold of the viol’s voice that comes,
Heavy with
radiance, languorous and clear.
Yet, if you
hold me close against the ear,
A dim, far
whisper rises clamorously,
The
thunderous beat and passion of the sea,
The slow
surge of the tides that drown the mere.
Others with
subtle hands may pluck the strings,
Making even
Love in music audible,
And earth
one glory. I am but a shell
That moves,
not of itself, and moving sings;
Leaving a
fragrance, faint as wine new-shed,
A tremulous
murmur from great days long dead.
BENÉT,
Stephen Vincent. Young adventure : a book of poems. New Haven: Yale University
Press, 1918.
* Stephen
Vincent Benét ( 1898-1943)
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