terça-feira, 24 de março de 2015

Adriano Nunes: "Para dentro"

"Para dentro"


Que hora imediata
Esta que me apavora,
Que só me expõe à prova,
Sem dó, pra tudo ou nada!

E são lembranças novas
Que me atingem, pancadas
No ringue das palavras,
Que traçam todo o agora.
E são paixões cantadas,
- Ou serão delas sobras
Que me assombram? - as obras
Que me cobram mais alma.
Que importa ver que passa
Feito tudo, se joga
Cada ato, de fora
Pra dentro, e poda as asas
Do contento? Que hora
Máxima, que me afaga
Com seus dedos de adaga,
Esta que me devora!
E são quimeras mágicas
Que se fixam, qual âncora,
Em meu pensar, embora
Achar sequer as possa.

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