terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Adriano Nunes: "Portento é a Poesia"

"Portento é a Poesia"


Basta um curto olhar e já
Há motivo pra porrada.
Basta um gesto, uma palavra,

Para disparar-se a arma.
Basta a bosta duma cláusula
Exclusiva pra matar

Quem na regra não se enquadra.
Basta a fala imaginar
Pra que haja intolerância e

Discordância, pelas várias
Interpretações que emanam
De seus registros, relatos.

Basta a brasa da bravata
Para acabar com a parte
Contrária, em nome do ato

Que precisa ser honrado.
Basta a briga pelo palco
Do poder para o barraco

De raiva estar consumado.
Basta quem um riso ganhe,
Quem atenção logo chame,

Pra o vírus ver do vexame,
Da inveja, da vã vaidade.
Tudo sangra, tudo esvai-se.

Basta uma vírgula, e a paz,
Repentinamente, jaz.
Desde Homero se sabia:

Portento é a Poesia!



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