segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Adriano Nunes: "Do acaso, quem se vale bem?"

"Do acaso, quem se vale bem?" 


Corajosas aquelas
Que levam porrada na face
E não se calam fácil, 

Não se intimidam, gritam
Alto a brutalidade vista, 
Pra os que ainda não sabem,

Pra os que se veem covardes.
Corajosas aquelas
Que vão adiante, que correm

À porta da Justiça, fortes, 
Feridas, sendo elas.
Belas flores sem pétalas.

Mesmo com hematomas 
À mostra, mesmo com vergonha 
Da mídia e da grã massa, 

Mesmo ouvindo piadas.
Corajosas aquelas 
Que também se calam, que temem 

O inesperado. O mal
Tão íntimo, banal.
Do acaso, quem se vale bem?

Não há lógica em condená-las.
Ninguém por ser mais frágil
Deve assim ser culpado. 

O sociável bicho frívolo.
Ó, não chamem de homem
O desmedido bicho

Que numa mulher bate.

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