"Nem a valva tricúspide"
Ó, vê, meu coração,
Ingênuo coração!
Primeiro deste ao amor
Todas as cordoalhas,
Mas nem cantada calha.
Depois, a mitral valva.
O que ainda te salva?
Do ventrículo esquerdo
Fora feito um brinquedo.
A aorta e as veias cavas,
Com as quais encantavas
O corpo, do pescoço
Até o hálux osso,
Entregaste, com pressa.
Percebes que interessa
Ao amor, esse amor, só
O que ir deve ao pó?
E, assim, as coronárias
Doaste. Que arbitrárias
Decisões, Coração,
Incauto coração!
Que bem fazer então
Resta? Para que a lida
De baques repetidos,
Presa ao mediastino,
Se não tens sequer tino?
Ó, vê, meu coração,
Instável coração,
De que vale a ilusão
De com a contração
Tirar de ti o amor?
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