domingo, 21 de setembro de 2014

Adriano Nunes: "Nem apenas as serpentes sinápticas"

"Nem apenas as serpentes sinápticas"




Do que me peso, penso e sinto,
Surge súbito labirinto.


Nele não há só o Touro de Minos.
Nele não há só fios de Ariadne.
Nele não há só os tortos caminhos
Que me engendram todo, roto e sozinho.


Nem apenas as serpentes sinápticas
Do engenheiro alado, o progenitor
Do jovem pelo sol apaixonado.
Nele não há só as pedras erguidas,


O líquen, o lodo, o liame, a lábia
De Teseu. Nem só os véus e os vestígios
Das vísceras das virgens devoradas.
Nele não há só a praia de Creta 


À minha espera, nem o cosmo alto
Que dizem ser, do Deus do raio, o paço.
Ou sequer a vista das velas que
Voltarão vivas e negras à Grécia.


Desse emaranhado, báratro infindo,
Salta, bem mais do que o salto de Egeu

Ao mar, além do meu corpo, um eu outro,
Labirinto ligado a labirinto, 


A áurea aurora, o ritmo e o risco de
Querer saber de mim, ao menos, ode

Ao íntimo, do homem ao menino,
O elo que ainda não se perdeu.






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