"Nem apenas as serpentes sinápticas"
Do que me peso, penso e sinto,
Surge súbito labirinto.
Nele não há só o Touro de Minos.
Nele não há só fios de Ariadne.
Nele não há só os tortos caminhos
Que me engendram todo, roto e sozinho.
Nem apenas as serpentes sinápticas
Do engenheiro alado, o progenitor
Do jovem pelo sol apaixonado.
Nele não há só as pedras erguidas,
O líquen, o lodo, o liame, a lábia
De Teseu. Nem só os véus e os vestígios
Das vísceras das virgens devoradas.
Nele não há só a praia de Creta
À minha espera, nem o cosmo alto
Que dizem ser, do Deus do raio, o paço.
Ou sequer a vista das velas que
Voltarão vivas e negras à Grécia.
Desse emaranhado, báratro infindo,
Salta, bem mais do que o salto de Egeu
Ao mar, além do meu corpo, um eu outro,
Labirinto ligado a labirinto,
A áurea aurora, o ritmo e o risco de
Querer saber de mim, ao menos, ode
Ao íntimo, do homem ao menino,
O elo que ainda não se perdeu.
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