terça-feira, 14 de maio de 2013

José Santos Chocano: "Quién sabe"

"Quem sabe" (tradução de Adriano Nunes)


Índio que apareces à porta
da tua rústica mansão:
Pra minha sede não tens água?
Para meu frio cobertor?
Parco milho pra minha fome?
Para meu sonho, mau rincão?
Breve calma, pra minha andança?

Quem sabe, senhor!

Índio que lavras com fadiga
terras que de outro dono são:
Ignoras tu que devem tuas
ser por teu sangue e teu suor?
Ignoras tu que audaz cobiça
séc'los atrás de ti as furtou?
Ignoras tu que és suserano?

Quem sabe, senhor!

Índio de fronte taciturna
e de pupilas de fulgor:
Que pensamento é o que escondes
Com enigmática expressão?
Que procuras em tua vida?
Que tanto imploras ao teu deus?
Que tanto sonha o teu silêncio?

Quem sabe, senhor!

Ó raça antiga e misteriosa,
De impenetrável coração,
que sem gozar vês a alegria
e sem sofrer vês toda a dor:
és magnânima como os Andes,
o Colossal Oceano e o Sol!
Esse teu gesto que parece
como de vil resignação
é de uma sábia indiferença
e de um orgulho sem rancor...

Corre em minhas veias teu sangue,
e, por tal sangue, se meu Deus
me interrogasse o que prefiro
- cruz ou laurel, espinho ou flor,
beijo que apague meus suspiros
ou fel que acalme esta canção -,
responderia assim dizendo:
Quem sabe, senhor!



José Santos Chocano: "QUIÉN SABE"



Quién sabe

Indio que asomas a la puerta
de esa tu rústica mansión:
¿Para mi sed no tienes agua?
¿Para mi frío cobertor?
¿Parco maíz para mi hambre?
¿Para mi sueño, mal rincón?
¿Breve quietud para mi andanza?

-¡Quién sabe, señor!

Indio que labras con fatiga
tierras que de otro dueño son:
¿Ignoras tú que deben tuyas
ser por tu sangre y tu sudor?
¿Ignoras tú que audaz codicia
siglos atrás te las quitó?
¿Ignoras tú que eres el amo?

-¡Quién sabe, señor!

Indio de frente taciturna
y de pupilas de fulgor:
¿Qué pensamiento es el que escondes
en tu enigmática expresión?
¿Qué es lo que buscas en tu vida?
¿Qué es lo que imploras a tu dios?
¿Qué es lo que sueña tu silencio?

-¡Quién sabe, señor!

¡Oh, raza antigua y misteriosa,
de impenetrable corazón,
que sin gozar ves la alegría
y sin sufrir ves el dolor:
eres augusta como el Ande,
el Grande Océano y el Sol!
Ese tu gesto que parece
como de vil resignación,
es de una sabia indiferencia
y de un orgullo sin rencor...

Corre por mis venas sangre tuya,
y, por tal sangre, si mi Dios
me interrogase qué prefiero
-cruz o laurel, espina o flor,
beso que apague mis suspiros
o hiel que colme mi canción-,
responderíale diciendo:
-¡Quién sabe, señor!

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