quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Adriano Nunes: "A Poesia" - Para Carlito Azevedo

‎"A Poesia" - Para Carlito Azevedo


seta sem forma,
a poesia,
perpassa,
atravessa
a sala,
o quarto,
o inabitável,
revira as gavetas
do armário,
voraz, 
veloz,
perfura o in-
visível
e acerta o

íntimo:
dardo sem fins,
a poesia,
ultrapassa
a conversa e
o cerne do silêncio,
perfura a frágil folha
da existência,
às cegas,
salta
do imprevisto, 
sobre as sobras
do infinito
e crava-se em

algum sentido:
lança sem freio,
a poesia,
traspassa,
dispersa-se,
sem código de barras
ou marca d'água,
afunda-se
no istmo do que se saiba,
faca afiada, pronta
pra tudo 
ou nada,
finca-se 
em si.

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