terça-feira, 18 de setembro de 2012

Adriano Nunes: "Solidão" - para Antonio Cicero

"Solidão" - para Antonio Cicero



Na solidão da minha casa,
Cada coisa está acompanhada.
Garfo e faca,
Sala e sofá,

Terno e traça, 
Rádio e rack,
Medo e máscaras. 

Para lá, 
Para cá,
Só eu ando 
Procurando
Os fragmentos da minha alma
Perante as pétalas das dálias
Do grande jardim que não há,

Para ir ter comigo, para
Ter-me como o meu próprio par.
Na solidão da minha fala,
Vê, é quase
Tudo ou nada!
A palavra 

Velada, a palavra que vale,

A palavra
Relida, a palavra lacrada,
Palavra que parece dar
Outra palavra, um canto, mas,
Súbita, sagaz, à socapa,
Essa
 palavra que se traça
Logo escapa.




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