"Tudo dói como a beleza"
Ali, onde eu era,
Tudo se desfez.
As perdas.
As pedras.
As primeiras mancadas.
As promessas primevas.
As sutilezas do que me agarrava,
Do que me queria gesto e palavra.
Depois, até olhei para trás,
Como se quisesse ter mais
Certeza de que não voltaria.
Como se quisesse da alegria
Não somente um métrico verso.
Não quisesse só um deus mais desperto.
Ah, o horror da delicadeza dos olhares intimidantes,
Aqueles olhares que me faziam correr
Para casa, aos prantos, sangrando adentro.
Ali, onde eu era,
Tudo se refez.
As paqueras estéticas.
As quimeras.
As pancadas.
As proezas encantadas.
Até mesmo as portas batidas na cara!
Até as portas fechadas mesmo,
Como se fossem fechadas a esmo,
Como fruto das áleas!
Depois, parei para sondar quem me sinto e penso,
Para ver se, de algum jeito, final feliz havia.
Ao menos, para as lembranças já gastas,
Ao menos, para os intervalos de tédio e desespero,
Porque, vontade eu tinha bastante.
Eu ainda queria voltar, dar mais um passo
Para o passado, tropeçar nas mágoas e nas dores,
Nos erros cometidos, ah, eu queria ter ido
Às entranhas das memórias do infinito!
Para, ó realidade desmedida!
Deixa-me seguir como quem já não busca o que basta!
Deixa-me pulsar ante os ignotos báratros dos sonhos,
Deixa-me saltar dos precipícios das metáforas,
Dar aquela risada alta, sozinho, no quarto!
Ali, onde eu era,
Tudo era para tudo,
De uma só vez.
As samambaias da avó.
Os gatos tantos e as coisas velhas.
Os móveis amontoados, as caixas
Entreabertas, as vidas dos que estavam,
Ali, para o tudo ou nada da casa,
Da poeira, dos parafusos e pregos e dos ácaros.
A infância despreparada.
Os assaltos de violência
Contra quem eu era.
Pedaço a pedaço, juntei-me.
Nenhuma voz dirá de mim
Que era a vida de uma criança solitária.
Nenhuma voz dirá do ser que resta
Que, ali, onde eu era,
Tudo esteve apenas preso à tez da solidão e dos acasos.
Os olhos fechei.
Ainda estão fechados.
Tudo dói enquanto tudo.
Tudo dói como a beleza.
Era uma tarde. Era uma noite. Eis
Que já não me importo com o que eu não sei.
Não há mais os gatos.
Não há mais os troços e os farrapos velhos.
Não há mais as vazias caixas de geladeiras.
Sequer as goiabeiras altas,
O esgoto para os barquinhos, cruzando
O quintal. Os pombos. Os coelhos.
Os mapas. Ah, os mapas!
Tudo de mim foge e escapa.
Tudo se desfez.
As perdas.
As pedras.
As primeiras mancadas.
As promessas primevas.
As sutilezas do que me agarrava,
Do que me queria gesto e palavra.
Depois, até olhei para trás,
Como se quisesse ter mais
Certeza de que não voltaria.
Como se quisesse da alegria
Não somente um métrico verso.
Não quisesse só um deus mais desperto.
Ah, o horror da delicadeza dos olhares intimidantes,
Aqueles olhares que me faziam correr
Para casa, aos prantos, sangrando adentro.
Ali, onde eu era,
Tudo se refez.
As paqueras estéticas.
As quimeras.
As pancadas.
As proezas encantadas.
Até mesmo as portas batidas na cara!
Até as portas fechadas mesmo,
Como se fossem fechadas a esmo,
Como fruto das áleas!
Depois, parei para sondar quem me sinto e penso,
Para ver se, de algum jeito, final feliz havia.
Ao menos, para as lembranças já gastas,
Ao menos, para os intervalos de tédio e desespero,
Porque, vontade eu tinha bastante.
Eu ainda queria voltar, dar mais um passo
Para o passado, tropeçar nas mágoas e nas dores,
Nos erros cometidos, ah, eu queria ter ido
Às entranhas das memórias do infinito!
Para, ó realidade desmedida!
Deixa-me seguir como quem já não busca o que basta!
Deixa-me pulsar ante os ignotos báratros dos sonhos,
Deixa-me saltar dos precipícios das metáforas,
Dar aquela risada alta, sozinho, no quarto!
Ali, onde eu era,
Tudo era para tudo,
De uma só vez.
As samambaias da avó.
Os gatos tantos e as coisas velhas.
Os móveis amontoados, as caixas
Entreabertas, as vidas dos que estavam,
Ali, para o tudo ou nada da casa,
Da poeira, dos parafusos e pregos e dos ácaros.
A infância despreparada.
Os assaltos de violência
Contra quem eu era.
Pedaço a pedaço, juntei-me.
Nenhuma voz dirá de mim
Que era a vida de uma criança solitária.
Nenhuma voz dirá do ser que resta
Que, ali, onde eu era,
Tudo esteve apenas preso à tez da solidão e dos acasos.
Os olhos fechei.
Ainda estão fechados.
Tudo dói enquanto tudo.
Tudo dói como a beleza.
Era uma tarde. Era uma noite. Eis
Que já não me importo com o que eu não sei.
Não há mais os gatos.
Não há mais os troços e os farrapos velhos.
Não há mais as vazias caixas de geladeiras.
Sequer as goiabeiras altas,
O esgoto para os barquinhos, cruzando
O quintal. Os pombos. Os coelhos.
Os mapas. Ah, os mapas!
Tudo de mim foge e escapa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário