quarta-feira, 7 de março de 2018

Adriano Nunes: “Das cinzas, tudo ainda” - para Antonio Cicero

“Das cinzas, tudo ainda” - para Antonio Cicero


Meu pedaço de mar.
A Ítaca por mim
A esperar, a esperar...
Poderá ser que eu
Feito o astuto Odisseu
Chegue um dia até lá.

Meu recanto na Grécia,
Minha quimera estética.
E se eu não mais chegar?
E se eu mesmo chegar?
Que portento alçará
A vida ao patamar
Da grã felicidade,

Como se eu encontrasse
Outra nova verdade,
Outra Circe, quem sabe,
Outras Sereias, nessa
Marítima promessa
De amar e navegar?
Meu espanto de terra
À vista, a voz que erra

Desde a ágora à praia,
Ao sol que agora raia.
Minha Troia reerguida
Das cinzas, tudo ainda
Por vir, a minha Ilíada.
Ter na anêmica folha
O tanto, no poema,
Minha Atenas apenas...
Atento, minha Atenas!

Nenhum comentário: