sábado, 19 de novembro de 2016

Adriano Nunes: "Amor era, decerto"

"Amor era, decerto"


Era amor e avisei
Às árvores e às pedras,
Dei dicas para as tardes
E para aqueles tédios
Engavetados de
Séculos e mais séculos.
Ouviam-me: "que quero?"
Pus numa aljava o tempo e
Lancei-me ao que me penso.
Era amor, com certeza!
Não poderia a mesma
Certeza em tudo ser
Falsa, qual falso é
O que o olhar pode ver,
De imediato, sem
Questionar até
O que mesmo já vê.
Sei, porém, que amor era
Porque já primavera
Enquanto frio inverno.
Bem que alertei as telhas
E os cômodos, talheres
E pratos, pás e pregos.
Para todos falei
Das proezas do cérebro,
Das astúcias do peito.
Não era outra lei
Da ilusão, outro erro.
Meu grito foi aos céus,
E aves, nuvens, ventos,
Do amor estão sabendo.
Como não pode ser
Amor, se faço versos
Até, se em mim me perco?

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