segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Adriano Nunes: "mergulho em águas rasas seguido de trauma"

"mergulho em águas rasas seguido de trauma"



o meu coração é violentamente frágil.
decido ir à rua. (há um mover de mundos
envolto dos meus
medos)
ai, essa alegre fonte
de existir!
agarro-me às laringes
do dia.

tudo se fez...
talvez última grande aposta.
é que ando sem vontade de arriscar de novo,
dar o braço a torcer, mergulhar
de cabeça,
nas águas rasas e bem geladas do amor.
(enfrentar outro jogo,

todo o infinito feito
desafio?)
retorno do passeio,
confuso.
que mais
deve haver

lá fora, além da ilusão
do tempo,
de haver lá fora a atlântida inteira,
intacta?
a vida

esvai-se, através das vidraças, desgastada
do tudo-nada.
o verso...
repouso,

em silêncio.
volto à sala.
o sonho voa, pássaro

rebelde. o meu coração é
violentamente táctil.


ó labirinto de solidão!







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