"Risco exato"
Foge ao engenho
A palavra
Almejada.
Pista ou rastro,
Quem os acha?
No vernáculo,
Pelas páginas
Pesquisadas,
Vácuo e nada...
E o alheamento
Assim salta
À tez d'alma.
Rima ou alvo
Verso? Sério,
Com que metro
Outro tempo
Abrigar?
Com que regra
Reverter
Os anseios
Dessa espera?
Falta ao empenho
A palavra
Leve, magna.
Brilho, báratros...
Quem os capta?
Em silêncio,
Quantas dádivas
Alcançadas
Pelo lápis!
A sintaxe?
Enfim, ver-
Tê-la em mágica -
Risco exato,
Grã mistério,
Sorte e prática.
Que sinapse
Empregar
Contra os lapsos?
Um comentário:
Inania Verba
Olavo Bilac
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava…
O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve…
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?
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