sábado, 16 de fevereiro de 2013

Adriano Nunes: "Risco exato"

"Risco exato"


Foge ao engenho
A palavra
Almejada.

Pista ou rastro,
Quem os acha?
No vernáculo,

Pelas páginas
Pesquisadas,
Vácuo e nada...

E o alheamento
Assim salta
À tez d'alma.

Rima ou alvo
Verso? Sério,
Com que metro

Outro tempo
Abrigar?
Com que regra

Reverter
Os anseios
Dessa espera?

Falta ao empenho
A palavra
Leve, magna.

Brilho, báratros...
Quem os capta?
Em silêncio,

Quantas dádivas
Alcançadas
Pelo lápis!

A sintaxe?
Enfim, ver-
Tê-la em mágica -

Risco exato,
Grã mistério,
Sorte e prática.

Que sinapse
Empregar
Contra os lapsos?

Um comentário:

Ruy Lozano disse...

Inania Verba

Olavo Bilac

Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava…

O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve…
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?