"Medeia"
Celebra o coro a vingança
A que Medeia se lança.
O momento é certo, escasso,
E o crime segue seu passo
Célere. Creonte, tirano,
Tem irredutível plano:
Que a neta do Sol parta
De Corinto agora, parta
Levando a prole gerada
Da Cólquida e da Tessália,
Sem deixar vestígios, nada.
Néscio, vê a represália
Ante os olhos! Ela salta
À vista, perspicaz, alta-
Mente fria. Não selara
A tua morte, preclara?
Outro dia à desonrada
Cedes, dia mortuário
Pra ti, para a filha amada,
Devido a ato arbitrário.
Vestida de fel, a maga
Prepara o feitiço, afaga
A lâmina, sente n'alma
Não mais sopesar a calma:
Decide a prole matar
'Inda que sofra o pesar
No peito, dor que equivalha
À perda de tudo, dá-lha.
Concebe em fúria o traje
Mágico para dar cabo
À filha do rei - Ultraje
À cidade - Tal um diabo
Sanguinário. Grande pranto
Ouve-se. Tormento tanto
Na corte. Um assassinato
Dúplice, técnico, exato.
Percebem-se gritos... Clama
Pelas crianças a ama.
Medeia é mágoa e emoção:
Para que matar Jasão?
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