sábado, 9 de fevereiro de 2013

Adriano Nunes: "Medeia"

"Medeia" 


Celebra o coro a vingança
A que Medeia se lança.
O momento é certo, escasso,
E o crime segue seu passo

Célere. Creonte, tirano,
Tem irredutível plano:
Que a neta do Sol parta
De Corinto agora, parta

Levando a prole gerada
Da Cólquida e da Tessália,
Sem deixar vestígios, nada.
Néscio, vê a represália

Ante os olhos! Ela salta
À vista, perspicaz, alta-
Mente fria. Não selara
A tua morte, preclara?

Outro dia à desonrada
Cedes, dia mortuário
Pra ti, para a filha amada,
Devido a ato arbitrário.

Vestida de fel, a maga
Prepara o feitiço, afaga
A lâmina, sente n'alma
Não mais sopesar a calma:

Decide a prole matar
'Inda que sofra o pesar
No peito, dor que equivalha
À perda de tudo, dá-lha.

Concebe em fúria o traje
Mágico para dar cabo
À filha do rei - Ultraje
À cidade - Tal um diabo

Sanguinário. Grande pranto
Ouve-se. Tormento tanto
Na corte. Um assassinato
Dúplice, técnico, exato.

Percebem-se gritos... Clama
Pelas crianças a ama.
Medeia é mágoa e emoção:
Para que matar Jasão?

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