"Yarislav Truntov e as cartas"
Ninguém duvidaria de que
Para ser feliz Yarislav Truntov
Escreveria para si cartas.
O que mesmo importa, a saber,
É que Yarislav foi queixar-se
De que um outro ser
Está tomando-lhe o lugar
Do personagem por ele criado.
Diz que as cartas que recebe
Não são suas, não as escreve.
Por um segundo, todos da
Cidade começaram a achar
Que o Sr. Truntov louco estava.
Não era preciso mais nada.
Louco estava, e loucos todos
Estavam ficando. A prova dos nove
Veio em boa hora. Outra carta
De não sei onde acaba
De pousar na escrivaninha
Da sala de estar. Letra idêntica
Pronta para identificar Yarislav.
Mas, coitado, há dez dia já
Internado no hospício está.
Para lá, para cá, tonto caminha.
Ah, quantas cartas chegam
Sem parar! E ninguém sabe
Quem as envia, quem as faz!
No hospício um dia a mais
Não servirá à solução. Saudade
De Yarislav balbucia a vendedora
De cosméticos. Tudo se descobre
Através da ausência do Sr. Truntov.
As cartas não param de chegar!
Similares. Simuladas. Simulacros.
Todos querem de volta
O pacato Sr. Truntov.
Que importam as cartas sem que se
Saiba delas alguma coisa importante?
Que tudo ao que era antes
Logo volte, logo volte e rápido.
Não há volta. Yarislav acha-se
Decidido a fincar-se no hospício.
Reconheceu-se nos horrores
Do velho hospício. É isso.
Sorri quando lhe dão a ingerir
Quatro a seis comprimidos sortidos.
Vez ou outra pensa que é um duque,
Um rei, um juiz, um santo.
Confidencia à máquina de choques
Os desejos mais fortes
Que teve e que, sem trauma, pode
Confessar. Que é pra sempre?
Pensa, pesa, dispensa, repensa tanto.
Yarislav está qual líquen
Preso às paredes do hospício.
Não quer sair de lá.
Tem pavor de cartas e de tudo
Que elas não trazem.
Parece desconfiar das verdades
Que são ainda suas.
Ah, o mar que vem às tardes
Brincar de amarelinha!
O ruído rítmico do mar!
Yarislav não quer nada mais
Da realidade.
Só o hospício fétido e o vácuo
Das esperanças que tem.
E o mar. O limite que há
Entre a janela e o que foi jogado
Fora do pensar, esse rabisco.
Outra carta. Memória monótona.
Medos. Mágoas. Máscaras.
Notas. Normas. Nada.
Para ser feliz Yarislav Truntov
Escreveria para si cartas.
O que mesmo importa, a saber,
É que Yarislav foi queixar-se
De que um outro ser
Está tomando-lhe o lugar
Do personagem por ele criado.
Diz que as cartas que recebe
Não são suas, não as escreve.
Por um segundo, todos da
Cidade começaram a achar
Que o Sr. Truntov louco estava.
Não era preciso mais nada.
Louco estava, e loucos todos
Estavam ficando. A prova dos nove
Veio em boa hora. Outra carta
De não sei onde acaba
De pousar na escrivaninha
Da sala de estar. Letra idêntica
Pronta para identificar Yarislav.
Mas, coitado, há dez dia já
Internado no hospício está.
Para lá, para cá, tonto caminha.
Ah, quantas cartas chegam
Sem parar! E ninguém sabe
Quem as envia, quem as faz!
No hospício um dia a mais
Não servirá à solução. Saudade
De Yarislav balbucia a vendedora
De cosméticos. Tudo se descobre
Através da ausência do Sr. Truntov.
As cartas não param de chegar!
Similares. Simuladas. Simulacros.
Todos querem de volta
O pacato Sr. Truntov.
Que importam as cartas sem que se
Saiba delas alguma coisa importante?
Que tudo ao que era antes
Logo volte, logo volte e rápido.
Não há volta. Yarislav acha-se
Decidido a fincar-se no hospício.
Reconheceu-se nos horrores
Do velho hospício. É isso.
Sorri quando lhe dão a ingerir
Quatro a seis comprimidos sortidos.
Vez ou outra pensa que é um duque,
Um rei, um juiz, um santo.
Confidencia à máquina de choques
Os desejos mais fortes
Que teve e que, sem trauma, pode
Confessar. Que é pra sempre?
Pensa, pesa, dispensa, repensa tanto.
Yarislav está qual líquen
Preso às paredes do hospício.
Não quer sair de lá.
Tem pavor de cartas e de tudo
Que elas não trazem.
Parece desconfiar das verdades
Que são ainda suas.
Ah, o mar que vem às tardes
Brincar de amarelinha!
O ruído rítmico do mar!
Yarislav não quer nada mais
Da realidade.
Só o hospício fétido e o vácuo
Das esperanças que tem.
E o mar. O limite que há
Entre a janela e o que foi jogado
Fora do pensar, esse rabisco.
Outra carta. Memória monótona.
Medos. Mágoas. Máscaras.
Notas. Normas. Nada.
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