terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Adriano Nunes: "Ao menos" - Para a minha mãe

"Ao menos" - Para a minha mãe

Quando já não houver argumentos,
Que haja olhares mais densos.
Quando não mais houver nada em si sendo,
Que haja o silêncio,
Pra que possam brotar estéticas sementes
Nos campos da mente,
Para que possam florescer, de repente,
Os crisântemos do pensamento,
Ao menos.

Que haja até medo se desenvolvendo,
Quando já não houver juízo isento.
Que haja portos e portentos,
Quando só houver constrangimentos,
Para que possa surgir, a tempo, urgente,
O amor na gente,
Se preciso, utopicamente, pra sempre,
Feito o sangue do tempo
Movendo-se.

Um livro aberto,
Sóis e sons dispersos
Sobre as finas fibras de métrico mistério,
Embates com Eros,
Esfinges sem Édipos,
Erros, decerto.
Ezras, Eliots
Ecos.
Elos.

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